PLURIVERSOS

Revista Independente de Literatura

AMOR E IDEOLOGIA EM A BÍBLIA DO CHE, DE MIGUEL SANCHES NETO





AMOR E IDEOLOGIA EM A BÍBLIA DO CHE, DE MIGUEL SANCHES NETO
Luigi Ricciardi

        Uma bíblia histórica cheia de anotações importantes é o mote para o novo romance do paranaense Miguel Sanches Neto. Embora nada possa provar que ele tenha mesmo existido, podemos dizer que esse objeto desperta certo fetiche comunista, pois não se trata de qualquer bíblia: é aquela que Ernesto Che Guevara teria portado sob o braço em sua possível passagem pelo Brasil, sobretudo por Curitiba, quando estava militando pela sua causa em nosso país.
Temas históricos parecem agradar o autor do romance, que já tem pelo menos mais dois livros do gênero: A segunda pátria (2015) e A máquina de madeira (2012). Se antes os temas foram o nazismo e um padre inventor, agora é o fetiche por objetos raros e pela causa que ainda resiste que faz a roda mover. Faz também a vida do pacato ex-professor Carlos Eduardo Pessoa sair de sua vida simples e mergulhar em uma aventura com perseguições e amores.
Morando no edifício Asa em Curitiba – diga-se de passagem, um edifício comercial –, há dez anos, o professor Pessoa não sai da mesma região do centro da cidade. Não sente necessidade em visitar outros locais da cidade nem interagir com muita gente. Sua vida é simples e se resume a comprar livros pela internet, andar pelas livrarias, ver pornografia pela internet e ir à sauna de um hotel.
Um dia encontra Jacinto, um político corrupto para o qual já trabalhara e é ele que vai praticamente impor o trabalho de busca da Bíblia de Che ao professor Pessoa, que receberá mensal e rigorosamente seu pagamento. Um tanto resignado no início, Pessoa acaba tomando gosto pelo trabalho e se deixa levar pela emoção.
O problema é que Jacinto morre, e é sua ex-amante Celina que assume as buscas ao lado do professor. É aí que começam as perseguições, ameaças, amores proibidos e tudo mais que um romance policial pode/deve ter. Bem construído e conduzido durante a maior parte do tempo, A bíblia de Che é um bom romance no qual não há uma exaltação ao líder comunista como muitos podem pensar. Nem uma depreciação. Se a figura do líder te incomoda ou te exalta, tente deixar esse sentimento de lado para acompanhar uma bela narrativa que mistura história, amor, reflexão e uma boa dose de aventura. A leitura vale a pena!

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